Na TV, a mulher se rebela contra o machismo que era ainda mais forte nos anos 80 e busca o prazer sexual
Da Redação.
O mundo, de uma forma geral, ainda continua muito machista. É marca do próprio sistema capitalista, que na prática concebe a mulher como apenas mais um objeto, peça-chave no núcleo famíliar responsável por reproduzir valores relacionados à sociedade dividida em classes sociais. "O homem manda, a mulher e as crianças obedecem". "A burguesia manda, o proletariado obedece". São fatos, por mais que possamos concordar ou discordar se se isso é certo ou não. No nosso entendimento, isso não passa de equívoco e atraso.
Mas nos anos 80 as mulheres intensificaram suas resistência em relação à parte que lhes toca. Nessa época era ainda mais comum muito homem (homem?) achar que no sexo (só para citar um aspecto), não tinha lá muita importância se a mulher gostava ou não, se gozava, se tinha orgasmos. Sobretudo para os casados, mulher era para cuidar da casa e dos meninos, em casamentos indissolúveis. Prazer era só para ele. Em casa ou na rua.
Malu Mulher e Rock Santeiro colocam a mulher numa outra condição
O seriado Malu Mulher, exibido durante todo o ano de 1980, apresenta, no entanto, a mulher numa outra condição. Malu (Regina Duarte) é uma mulher que, entre continuar um casamento fracassado ou se separar, opta pelo divórcio, sai de casa e passa a trabalhar para sustentar a si e à filha Elisa (Narjara Turetta). Numa fase seguinte, busca nova vida amorosa. Uma verdadeira revolução para o início dos anos 80.
Rock Santeiro (1985) e a "Vitoriosa por não ter vergonha de aprender como se goza"
A personagem Lulu, brilhantemente encenada por Cássia Kiss, é uma mulher muito reprimida pelo marido Zé das Medalhas (Armando Bógus). Condenada aos sacrifícos do lar e das tarefas com os dois filhos, ela vivia muito infeliz.
Decidiu então se rebelar, buscar ser feliz e, principalmente, buscar ser mulher. Se envolveu amorosamente com o aventureiro Roberto Matias (Fábio Júnior), e depois com o vigarista Ronaldo César (Othon Bastos). No último capítulo deixa Zé das Medalhas e sai de casa. A trilha sonora de Lulu era emblemática, composta por Ivan Lins:
"... Quero sua alegria escandalosa
Vitoriosa por não ter vergonha de aprender como se goza..."
Rock Santeiro e Malu Mulher foram, assim, peças culturais importantes para mudanças de comportamento, em particular nas questões relativas às mulheres. Vale a pena lembrar...